O olhar citadino de flaneur de Aristides Oliveira

Como o flâneur de Baudelaire, andando errante pelo Centro de Teresina, Aristides Oliveira foi forjado pela cena urbana. O pesquisador em cinema e historiador, formado em História pela Universidade Federal do Piauí, é professor da UFPI (Campus de Floriano), é editor da Revista Acrobata, autor do Livro “Jomard Muniz de Britto e o palhaço degolado” (2016), dividiu a direção com Adriano Lobão Aragão e Gilson Caland do documentário “Asseclas: a procura de identidade” (2019). O artista já enveredou por diversas artes, produziu espetáculos teatrais, participou de exposições de fotografia pelo Brasil e de festivais de cinema, sempre demonstrando o seu olhar preocupado com a cidade.

“O audiovisual representa uma forma de expressão na qual contamos o que sentimos de forma livre.” Aristides Oliveira

Nome Completo: Francisco Aristides de Oliveira Santos Filho

Descrição: Pesquisador em cinema

Data de Nascimento: 16/12/1984

Local de Nascimento: Teresina

Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

A importância da escola para a formação artística

Aristides Oliveira atribui a sua aproximação com as artes à educação escolar, pois foi lá, influenciado pelos professores, que ele começou a despertar o interesse pelos temas e leituras que passaram a fazer parte das questões que tanto o intrigaram durante a adolescência. Antes, porém, ainda na infância, como um bom ouvinte de rock e bandas como Os Raimundos, Aristides descobriu – entre as caixas de CDs da sua prima – um disco, cuja capa chamou a sua atenção, era o CD da Banda Asseclas que futuramente seria tema de um de seus trabalhos no audiovisual. Como estudante, ele conta que sempre foi fascinado pelas discussões sobre história e filosofia e teve como grandes incentivadores os professores Ailton Cerqueira, Jorge Alberto e Francigelda. “Foram os professores que me incentivaram. Com eles, aprendi a gostar de leitura e cinema, eles me alfabetizaram, me fazendo pensar politicamente”, frisa Aristides Oliveira.

A liberdade de criação

Aristides Oliveira começou nas artes experimentando, sua capacidade criativa começou a ser usada em seguimentos artísticos como as artes cênicas. Ele se integrou ao Coletivo Diagonal, de 2007 a 2009. Além disso, participou do grupo de teatro Ápice, entre 2004 e 2010, e a parceria gerou alguns espetáculos como “Bribas Dancing” e “Black Shit”, dialogando com movimentos artísticos de Teresina e questionando visões obsoletas sobre as artes que costumavam incomodar o coletivo. As experiências fizeram Aristides se aproximar de coletivos artísticos que forneciam diversos estímulos para produzir e permitiam transitar conhecendo artistas de todas as matizes e filosofias. Foi nesse trânsito que ele conheceu grande parte dos parceiros artísticos. O contato do artista com o audiovisual começou mesmo em 2004, quando ele participou de uma oficina de direção oferecida pela antiga Fundac, hoje Secult com a intenção de produzir um filme. Nesse período, ele produziu um filme sobre o Mercado Central e descobriu um universo dentro daquele perímetro urbano. A partir dessa vivência, produziu um material que gerou a sua exposição de 2007, na qual apresentava fotografias do mercado com sons gravados no próprio local.

Entrelaçando academia com arte

Aristides Oliveira, que já tinha contato com o audiovisual por meio dos seus experimentos com a imagem e som e da oficina feita em 2004 sobre direção, ingressa no curso de História da UFPI e os conhecimentos guardados daquele período despertaram na academia, quando o professor Edwar Castelo Branco chamou o aluno para fazer pesquisa sobre o cinema marginal em um projeto de Iniciação Científica. Foi por meio da vivência acadêmica que Aristides Oliveira conheceu uma videoteca de cinema nacional até então desconhecida e conheceu também o cinema marginal. A nova linha de pesquisa fez o jovem pesquisador mudar o foco do teatro para o cinema marginal. Nesse período, as discussões sobre mídias móveis entraram para o centro do debate e Aristides Oliveira começou a experimentar as narrativas no audiovisual e foi o período em que ele começou a fotografar a cidade com a arte educadora Meire Fernandes, uma das grandes incentivadoras para ele enveredar para o audiovisual. Juntos, eles começaram a experimentar a fotografia e o cinema de forma despretensiosa, tentando registrar as sensações que o centro urbano despertava nos dois. Dessa forma, surgiu a exposição “Os efeitos sonoros e visuais no centro”. Os dois participaram, também, do concurso “Novos olhares” ( 2007) em Belem-PA, que contemplou as fotos do artista com o primeiro lugar.

“Boa parte das coisas que gravei veio de tentar mostrar o que é o Centro de Teresina pra mim.” Aristides Oliveira

Coletivo Diagonal

O Coletivo Diagonal foi criado em 2007 e atuou durante um tempo no cenário teresinense, sempre propondo um novo olhar sobre a cidade. Foi criado em 2007 por estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI), inicialmente Meire Fernandes, Aristides Oliveira e Pablo Marquinho, e abordavam assuntos relacionados às suas áreas de interesse como o cinema, a fotografia e as artes plásticas. Os projetos acadêmicos e conhecimentos acumulados pelo coletivo gerou a I Mostra de Cinema Marginal em novembro de 2007.

Aristides Oliveira foi um dos idealizadores da Mostra Diagonal de Vídeos que veio com a proposta de valorizar o audiovisual em Teresina com o foco no curta-metragem, em entrevista ele conta que a ideia da mostra veio justamente de tentar criar espaços de diálogos de interessados no audiovisual. Por isso, o nome da mostra surge como uma referência do esforço de se criar alternativas para exibição de vídeos que não estão no circuito nacional do audiovisual. Com o Coletivo Diagonal, Aristides também organizou o Festival Internacional Word One Minutes em Teresina. Em 2009, o grupo, em parceria com o Festival do Minuto (SP), trouxe para Teresina o Festival Internacional World One Minutes e a Mostra Ser Nordestino. A trajetória no Coletivo durou quatro anos.

Artes que dialogam

Nessas idas e vindas pelas diversas manifestações artísticas, Aristides Oliveira provocou reações diversas nos palcos dos teatros piauienses, com peças como Black Shit que mostrou um pouco da versatilidade do grupo. “A peça representa pra mim um espaço de profundo aprendizagem com o teatro de comédia, que agregou muito afeto com o palco e a relação com diversas linguagens artísticas, bem como o despertar do senso lúdico na minha vida, proporcionada pelo ator Jimmy Charles, que escreveu a peça comigo e me ensinou bastante sobre a arte do riso. Ver um teatro lotado de jovens, muitos deles que nunca tinham ido lá e hoje me contam que frequentam a cena porque viram o espetáculo é muito potente na minha formação artística”, relata Aristides Oliveira. A experiência no teatro foi um momento de compartilhar com outras linguagens, criando uma rede de contatos que ajudou o artista a entender como funciona a cena artística de vários lugares diferentes e contribuindo na leitura do mundo artístico, não como um observador distante, mas um participante atuante no meio artístico.

Contatos

Instagram.com/profaristides

Facebook.com/Peopletonight

Fotos

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Vídeo

Obras

“Jomard Muniz de Britto e o palhaço degolado” (2016);

“Jomard Muniz de Britto: professor em transe” (2017).

Filmes

Mundo Mercado Central. 2006

Sem Palavras. 2011

“Inquérito Doméstico Cultural” (2018);

“Asseclas: a procura de identidade” (2019).

Vídeo

Abordando Tannis Killian. 2008.

Revolução dos Pirulitos. 2010.

Sem Palavras. 2011.

Inquérito Doméstico Cultural. 2017.

Vídeo Experimental

“Ânsia Criativa” (2007);

“Corrimentos de uma IMprodução” (2007);

“POVOAR(RE)POVOAR” (2007);

“Performance do Horror” (2008);

“Lugar Para ficar em Pé” (2008);

“Universo Pararelo” (2008);

“Casa de Detenção da Gula” (2008).

Cinema experimental

“Um Homem Sem Uma Câmera” (2007).

Exposição Fotográfica

“Mapeando os Odores e os excessos do Centro” (2007).

Espetáculos

“Bribas Dancing” (2008);

“Piauês” (2009);

“Black Shit” (2017).

Outras fontes

http://entrecultura.com.br/2016/07/27/entrevista-do-aristides-oliveira/

 

Última atualização: 08/04/2019

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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